Enciclopédia da cortiça

A floresta de sobreiro estende-se por uma área mundial de 2,1 milhões hectares, distribuída pela região do Mediterrâneo com influência do Atlântico, sul da Europa e Norte de África, onde cerca de 200 000 toneladas de cortiça são extraídas todos os anos.

Em Portugal estão cerca de 34% da área mencionada a nível mundial, mais de 730 000 hectares que representam à volta de 23% da floresta total em Portugal.

Um fragmento fossilizado descoberto na bacia do Rio Tejo, com mais de 10 milhões de anos, provam a existência do sobreiro em Portugal desde os tempos antigos. Alguns investigadores acreditam que esta árvore única existia há mais tempo e estimam a sua existência em mais de 60 milhões de anos.

Evidências de todo o mundo provam que a cortiça tem sido usada há milhares de anos. A cortiça é, por isso, considerada um dos materiais mais antigos a ser utilizado continuamente pela Humanidade.

A extrema longevidade do sobreiro em áreas da bacia do Mediterrâneo, que em contraste com outras espécies de árvores menos resistentes sobreviveu à era glaciar há cerca de 25 milhões de anos, é atribuída à casca grossa do sobreiro - a cortiça - o que proporciona à árvore uma extraordinária resistência.

Leveza - na estrutura celular da cortiça, cada centímetro cúbico contém entre 30 a 42 milhões de células. O facto da cortiça conter 89,7% de substâncias gasosas explica a sua baixa densidade.

Elasticidade - a grande flexibilidade da membrana celular torna a cortiça compressível e elástica ou dá-lhe a possibilidade de voltar ao seu formato inicial após a compressão.

Impermeabilidade - A suberina faz com que o tecido da cortiça seja impermeável a líquidos e gases.

Baixa condutividade - a baixa condutividade em termos térmico, acústico e vibração baseia-se no facto do gás estar localizado em cavidades minúsculas, hermeticamente seladas. Como resultado, a cortiça é o melhor material isolante de todos os materiais naturais.

Resistente ao uso - A cortiça é altamente resistente ao uso causado por fricção. É também resistente ao fogo e não
absorve o pó, tornando-a perfeita para pessoas com alergias e asma.

O sobreiro (Quercus Suber L.) pertence à família do carvalho e a sua casca pode ser extraída. A sua existência não está só limitada à extração da cortiça mas estende-se também ao contexto agrícola e florestal assim como ao sector da caça e criação de suínos e ovinos nos terrenos ao redor do montado. A extração regular da casca do sobreiro, contribui muito para a sustentabilidade ambiental, económica e social das zonas rurais da região do Mediterrâneo, de onde o sobreiro é nativo.

O sobreiro cresce lentamente e podem viver até aos 200 anos, por isso pode passar por um processo de descortiçamento entre 15 a 18 vezes no decurso da sua vida. O primeiro descortiçamento é realizado após 25 anos e depois ocorre em ciclos de 9 anos sem danificar a árvore. As florestas têm um papel fundamental na absorção de CO2 da atmosfera e contribuem ativamente para reduzir o Potencial de Aquecimento Global.

Principais áreas de floresta e números de descortiçamento

A floresta de sobreiro, "Montado", é uma paisagem tipicamente ibérica. É um reservatório de biodiversidade natural e é lar de algumas espécies em perigo, como o Lince Ibérico, lobo, águia real e cegonha negra.
Devido às condições climatéricas, a floresta de sobreiros existe na bacia do Mediterrâneo, no norte de África (Marrocos, Argélia e Tunísia), no sul de França (especialmente na Córsega), em Itália, Espanha e especialmente Portugal.
A área total de floresta de sobreiros em todo o mundo está estimada em 2,1 milhões de hectares. Portugal tem uma área de 736000ha (34%). Apesar de Portugal ter uma área que corresponde a 34% do total, produz mais de metade da cortiça mundial.

Devido ao nível de especialização e cuidado exigido, o descortiçamento é um dos trabalhos agrícolas mais bem pagos do mundo. A WWF estima que mais de 100 000 pessoas dependem direta e indiretamente desta economia.